eu estava me pondo atrás das montanhas e
espreguiçava meus raios vermelhos e amarelos
mesclando-os sôbre o azul do mar...
em um barraco
no alto do morro
o vento gelado do sul
entrava pelas janelas quebradas
lambendo insistente o corpo frágil da criança semi-nua
que espiava
chorando
de frio e fome
o Pôr-do-Sol...
De súbito
- e eu
não tive tempo de intervir
perdido nos meus devaneios de beleza e preguiça –
apenas o lancinante grito-choro-baque
de desespero e dor
e
a pesada mão
bêbada
do pai bate com estrondo surdo
a cabeça da menina
que cai mole da janela
como uma gôta de sangue
e espalha-se na lama de lágrimas
e excrementos.
(pCosta.floripa)
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